O desastroso processo de ocupação da Amazônia oferece também as chaves para a construção de um futuro sustentável
O desastroso processo de ocupação da Amazônia deixa um rastro de destruição ambiental e de prejuízos humanos. Porém, alguns desses problemas podem ser as chaves para a construção de um futuro sustentável. E podem ajudar no cumprimento de metas no combate às mudanças climáticas. É o que os pesquisadores do projeto Amazônia 2030 chamam de “Paradoxo Amazônico”, tema do painel do Brazil Hub, nos dias 8 e 10 de novembro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), em Sharm El-Sheikh, no Egito.
O painel, realizado pelo Brazil Climate Action Hub, contará com a participação dos pesquisadores Clarissa Gandour, doutora em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Head de Policy Evaluation do Climate Policy Iniciative (CPI) e Paulo Barreto, mestre em Ciências Florestais pela Universidade Yale, co-fundador e pesquisador associado do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
No dia 8 de novembro, o painel iniciará às 8h (horário de Brasília) com a apresentação do estudo sobre o Paradoxo Amazônico e, em seguida, será aberto um espaço para perguntas. No dia 10, o painel está marcado para iniciar às 7h (horário de Brasília).
Conforme os pesquisadores, a Amazônia Legal apresenta um grande paradoxo formado por três elementos-chave: primeiro, o fato de que ainda há uma vasta área de floresta tropical de pé. Em segundo lugar, a região dispõe de um “dividendo demográfico”. Ou seja, há mais pessoas economicamente ativas (aquelas com idade entre 15 e 64 anos) em relação às crianças e aos idosos. E, por fim, o desmatamento que, além de todo estrago ambiental causado, deixou para trás uma enorme área descoberta e mal utilizada. Essa área é tão grande que nela caberia toda a produção agrícola do país e sobraria espaço.
Para os pesquisadores, apesar de a situação apresentar enormes desafios, não é irremediável. Cada um dos fatores que contribuíram para o atual cenário pode ser aproveitado para avançar em direção a um desenvolvimento regional mais eficiente e sustentável.
Algumas condições são fundamentais para transformar os problemas em oportunidades. Para aproveitar a floresta que ainda está de pé, é necessário acabar rapidamente com o desmatamento. O estudo evidencia que além do dano ambiental, o desmatamento não gera empregos, nem valor. E para deixar a situação ainda mais dramática, está associado a uma série de crimes, como o roubo de terras públicas, exploração madeireira predatória, garimpo ilegal, entre outros.
A boa notícia é que o Brasil sabe como controlar o desmatamento. O país já faz isso anteriormente de maneira eficiente e relativamente barata, com planejamento e criação de áreas protegidas, com o monitoramento e penalização dos infratores. Com essa estratégia, o Brasil teve uma redução de 84% do desmatamento entre 2004 e 2012, em contrapartida viu o PIB agropecuário aumentar exponencialmente.
Os pesquisadores relatam cinco caminhos possíveis para alavancar a economia da Amazônia Legal sem aumentar a destruição da floresta. Eles estão na: Conservação; Restauração florestal; Produtos da floresta; Produtividade Agropecuária; e nas cidades amazônicas.
Contato - Imprensa
Gustavo Nascimento