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Ethan Wilkinson / Unsplash

Polícia treina milhares para segurança da COP26

Batalhas épicas encenadas no filme Coração Valente e na série Outlander – clássicos sobre a história da Grã-Bretanha – serão “fichinha” se os protestos encenados no treinamento de policiais escoceses para a COP26 ocorrerem na vida real. Brincadeiras à parte, embora a simulação seja focada em confrontos nas ruas, isso é exatamente o que querem evitar as forças de segurança da Escócia. O departamento de polícia está treinando seus servidores para evitar conflitos durante as prováveis manifestações e protestos pelas ruas de Glasgow, durante a Conferência do Clima, entre 31 de outubro e 12 de novembro.

Milhares de oficiais estão sendo preparados para essa que já é considerada uma das maiores e mais longas operações policiais do Reino Unido. Segundo a polícia escocesa, cerca de 10 mil policiais por dia vão atuar na segurança pública do evento – quase um para cada duas pessoas, considerando os cerca de 20 mil delegados e mais de 100 chefes de estado aguardados para a Cúpula do Clima. A informação teve repercussão nos jornais britânicos The Guardian e BBC.

O que está demandando mais foco e organização logística é, principalmente, a dinâmica das ruas. O treinamento envolve de ações antiterroristas e manobras para conter manifestações. Para lidar com protestos, a polícia escocesa se compromete a adotar uma abordagem baseada nos direitos humanos e no respeito – urram, em gaélico, língua nativa do país. O policiamento, segundo o Guardian, será “acolhedor, amigável e proporcional”.

O subchefe de polícia, Will Kerr, afirmou ao jornal britânico que oficiais vão se aproximar dos grupos já conhecidos de protestos para garantir que as manifestações sejam pacíficas. “Quem deseja protestar tem a responsabilidade de fazê-lo dentro da lei, e eu gostaria de lembrar que apenas uma pequena minoria tem a intenção de provocar desordens violentas”, afirmou Kerr. Policiais de outras regiões serão deslocados para Glasgow, para ajudar na operação.

Protestos conta ‘a COP mais excludente já realizada’

De acordo com o chefe-assistente de polícia, Bernard Higgins, em entrevista ao The Guardian, foram identificados quatro potenciais e diferentes grupos de manifestantes que possivelmente ocuparão as ruas de Glasgow durante a COP26. São eles: jovens e crianças preocupados com o futuro climático, que poderão estar acompanhados de familiares, amigos e/ou colegas da escola – os do movimento Fridays for Future, por exemplo –; grupos de protesto contra um determinado indivíduo ou país, como a China ou Israel; aqueles que planejam chamar a atenção por meio de ações diretas não violentas, como o Extinction Rebellion; e grupos que, independentemente da Conferência, buscam se envolver em atos de violência e desordem.

Em entrevista à BBC , Quan Nguyen, coordenador escocês da Coalizão COP26 e organizador de protestos que serão realizados em Glasgow e em todo o Reino Unido em novembro, comentou sobre o aparato policial. “É dever legal da polícia defender os direitos de protesto e as liberdades de reunião e de expressão”, disse o ativista. Ele destacou que protesto e dissidência são vitais para uma democracia saudável, e que, sem eles, a vontade política de agir simplesmente não existe. “As pessoas devem ser capazes de desafiar a COP mais excludente e menos transparente já realizada, caso contrário, não teremos chance de enfrentar a catástrofe climática mortal que já está causando estragos em todo o planeta”, sentenciou, já incitando as pessoas a protestarem por justiça climática no dia 6 de novembro.

Higgins disse que a necessidade de facilitar o processo pacífico e, ao mesmo tempo, afastar o risco de violência é um desafio complexo, e que a organização logística fica ainda mais premente uma vez que os chefes de estado não estarão só em Glasgow, mas hospedados em hotéis distribuídos por toda a Escócia.

Para se aproximar de grupos que poderão liderar protestos durante a COP26, o departamento de polícia convidou representantes do partido trabalhista e ativistas para participarem do treinamento. Eles foram convidados a vestir fardas e se colocarem no lugar do policial em um confronto simulado. A medida teve caráter educativo.

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