O presidente dos Estados Unidos Joe Biden será o anfitrião, nos dias 22 e 23 de abril, do primeiro grande evento internacional sobre clima em 2021. O Leaders Summit, ou simplesmente Cúpula do Clima, como vem sendo chamado, não faz parte do calendário oficial da Convenção-Quadro sobre Clima das Nações Unidas (UNFCCC, na sigla em inglês), mas é considerado um marco importante no caminho até a Conferência das Partes, COP 26, que ocorrerá em novembro, na Escócia. Ao menos 40 chefes de Estado foram convidados para o evento, incluindo o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
O programa completo do evento, bem como o link de transmissão, estará disponível nesta página: https://www.state.gov/leaders-summit-on-climate/
Por enquanto, o que se sabe é que a agenda terá como linha condutora boa parte da abordagem doméstica de Biden em relação a questão climática, e deve ser dividida em quatro partes:
1. Plenária com foco em anúncios de aumento de ambição de líderes
2. Discussão sobre inovação tecnológica
3. Componente financeiro
4. Discussão sobre reconstrução econômica (build back better) e empregos
A cúpula será um momento-chave para que líderes das principais economias do mundo deem o tom de como a questão climática será tratada em outros momentos ao longo deste ano, incluindo os encontros do G7, do G20 e a Assembleia Geral das Nações Unidas.
De volta ao tabuleiro climático, espera-se que os Estados Unidos demonstrem liderança apresentando sua nova meta de redução de emissões (a Contribuição Nacionalmente Determinada, NDC, na sigla em inglês), necessária após o retorno do país ao Acordo de Paris. A sociedade civil norte-americana, apoiada pelo que indica a ciência em relação ao que é de fato necessário para frear as emissões globais, indica que uma meta condizente com a ambição do Acordo de Paris seria a de reduzir pelo menos 50% das emissões em relação aos níveis de 2005. Pode-se esperar que o evento dê um empurrãozinho para que outros países também indiquem maior ambição em suas NDCs.
O relatório de síntese da UNFCCC publicado em fevereiro deste ano deu a mensagem clara de que as atuais NDC estão muito longe de nos levar ao que a ciência exige para cumprir as metas estabelecidas em Paris: as NDCs apresentados até o final de 2020 somam menos de 1% de redução de gases de efeito estufa de 2010 até 2030. Ou seja: é bom correr se quisermos fechar o gap entre o prometido em Paris e as estratégias de redução de emissões postas na mesa até agora.
Para suprir a ausência de possibilidades de participação oficial de outros setores da sociedade ao longo do summit, a Semana de Ação do Clima dos EUA (19 a 23 de abril), organizada de maneira independente e não relacionada diretamente ao evento oficial da administração Biden, apresenta iniciativas de governos subnacionais, empresas e sociedade civil. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, participará de um dos eventos paralelos, como representante da Aliança pela Ação Climática Brasil (ACA Brasil). Inscreva-se para participar.
Veja abaixo algumas notas do ClimaInfo sobre o que esperar do Leaders Summit e algumas outras notícias que podem ter influência sobre a cobertura a respeito do papel do Brasil no evento e no novo contexto internacional de clima:
EUA e China relevam tensões geopolíticas e reafirmam cooperação climática
Cúpula climática: o que está na mesa para o Brasil vai além da questão financeira
Brasil corre contra o tempo para aplacar pressão internacional antes de cúpula climática
Biden se prepara para reentrada dos EUA na arena global da diplomacia climática
Investidores e executivos cobram Biden por redução maior de emissões
Grandes empresas pedem meta de neutralidade do carbono para o Brasil
“Não confie nele”: indígenas alertam Biden sobre riscos de negociação climática com Bolsonaro